Como descobri meu diagnóstico (Parte 1 de 4)

Aqui não é Netflix mas tem minisérie… então arruma um canto confortável, endireita essas costas, e bora pra leitura desses 4 episódios…

Eu tinha passado um começo de ano péssimoooo… no final de janeiro, perdi uma grande amiga e quase enlouqueci de dor no meio de fevereiro por um problema de dente… pra sair dessa nuvem negra, resolvi ir pra praia com um grupo de amigos. Afinal, nada melhor que amigos e água com sal pra revigorar as energias…

Já perto da praia, paramos em um posto e comprei uma longneck geladinha pra brindarmos a chegada… dei uns dois goles na cerveja, e comecei a falar como se tivesse completamente bêbada… a boca mole, com pouca dicção…. Comentei com uma amiga, mas nem dei muita importância… segui a noite bebendo, dançando e falando mole kkkk

Acordei no dia seguinte e adivinhem???? A boca continuava mole… na real, nesse momento ela dava uma leve entortadinha pra direita, mas algo imperceptível para os outros… e como a mente humana é fantástica… e eu falo sem parar… 2 horas depois de acordada eu já tinha encontrado uma estratégia para “driblar” essa dificuldade… eu falava mais devagar e com maior atenção, e a dicção saia boa o suficiente para as pessoas me entenderem…. e assim segui… Passamos um final de semana delicioso na praia e eu já nem lembrava mais que tinha que fazer esforço pra falar… o esforço já tinha virado automático…

Voltei pra São Paulo e segui a semana toda assim… inconscientemente eu inventava histórias para justificar essa falta de dicção… era a anestesia do dentista que estava dando reflexo só agora… era meu emocional pela perda da minha amiga que estava abalado e por isso estava falando mole… inúmeras desculpas para tornar aquela situação “normal”… Toda vez que me irritava, porque claro, estava fazendo um mega esforço para falar, eu inventava uma desculpa nova…

Trabalhei a semana toda, como se nada tivesse acontecendo… na quinta-feira (7 dias depois do primeiro sinal de sintoma), durante uma videoconferência, um indiano começou a fazer uma explicação e eu não estava entendendo nada… resolvi dar zoom na tela enquanto ele falava, pra ver se o inglês por leitura labial ajudava (vai entender? kKk) e não consegui tirar o zoom depois… quando foi minha vez de falar, ficou só minha carona na tela do tamanho da lua e adivinhem??? Enquanto falava, via minha boca entortando para o lado… estava muito feio… mas como ninguém percebia, segui segurando na criatividade e inventando desculpas….

Na sexta a noite sai pra jantar com minha mãe e chamamos meu irmão pra ir tb… chegando no restaurante… dei “Oi, tudo bem?” pro meu irmão, ele já perguntou: “Porque você tá falando com essa boca torta?”. Minha mãe que me via todo dia não tinha reparado, mas nessa hora reparou também… e clarooo que eles insistiram para eu ir para o hospital ver o que era… fiquei muito bravaaaa… eu ia sair com um gato depois de jantar com eles,  estava com cílios fio-a-fio, depilação feita, sobrancelha feita, unha feita, como eles ousaram pedir pra eu “gastar” essa produção toda no hospital? Mas depois de ligarem para minha irmã (mais brava) que trabalha em UTI e ela falar que podia ser um AVC, confesso que deu um medinho (mínimo, mas deu), cedi… mas que fique claro que coloquei minhas condições, porque onde já se viu ir pro hospital em uma sexta a noite? (vergonha de lembrar desse dia).

Falei que só iria se não fosse no hospital que estamos acostumados, que é lotado e demora, que iria com meu carro pra poder voltar a hora que resolvesse me dar na telha, e pra ser o mais rápido do possível… Sabe aquelas coisas de destino???? Pois é, o hospital que eu decidi ir, tinha neurologista no pronto-socorro… e na triagem já me encaminharam como urgência para o neuro no protocolo de AVC. Foi minha sorte! (continua na parte 2)

Eu aprendi a respeitar os limites do meu corpo e a identificar e a ler os sinais que meu corpo dá, e posso e quero te ajudar com isso também!